terça-feira, 1 de julho de 2008

É grave!

Nem tenho me lembrado tanto de ti, mas só de dizer que esqueci, já me lembrei.
Sei que não tem cura, doutor, essa doença é crônica, aparece de tempos em tempos, em surtos, causando sintomas que acabam por se remitirem espontaneamente.
Já me acostumei com este grande mal que me acomete, já sei lidar com ele, sei que não devo me assustar, que embora muitas vezes venha como uma avalanche, os sintomas irão embora e tudo voltará às condições normais de temperatura e pressão.
Já não tenho mais qualquer esperança de descoberta de cura, até porque, doutor, a cada vez que te vejo pessoalmente, em fotos, videos ou que te ouço parece que os sintomas se intensificam. Sabe-se lá como foi que adquiri este mal, mas creio não ser a única paciente com este tipo de enfermidade.
Aconselho os leitores que apresentarem os sintomas descritos a seguir a ficarem atentos, pois essa enfermidade como já mencionei anteriormente é crônica e precisa ser seriamente controlada para não levar à loucura. Alguns dos sintomas são: sonhos de caráter erótico com uma mesma pessoa, vontade súbita e incontrolável de ver uma mesma pessoa, entrar em transe apenas de pensar no ser em questão, cometer as maiores loucuras possíveis para estar com o agente causador da enfermidade. Veja como é grave, ao invés do portador fugir do agente causador ele quer cada vez mais estar perto dele.
É, doutor, é grave mesmo, mas sei conviver com isso...
"mas não é no cérebro que acho que tenho o câncer, doutor, é na alma, e isso não aparece em check-up algum"
Caio Fernando Abreu

0 comentários: